A neuroarquitetura como ferramenta para o bem-estar


Categoria: Interiores

Palavras chave: Neuroarquitetura

Nesse artigo, mostramos dicas para utilizar a neuroarquitetura na transformação do seu ambiente de forma a ter o seu máximo proveito, utilizando cores, iluminação e elementos naturais para influenciar positivamente seu humor.

“Há uma influência na felicidade das pessoas, afetando, inclusive, a qualidade profissional.”, declara Mônica Mendes, arquiteta e terapeuta de ambientes, sobre os impactos do exterior no comportamento humano. Em uma sociedade com mais informações disponíveis do que se é possível processar, espaços barulhentos e poluição sonora, é imperativo a existência de espaços minuciosamente planejados para garantir o conforto e o bem-estar físico e mental de quem os usa. Dessa forma, o uso da neuroarquitetura se torna gradativamente mais necessário. 

O que é a neuroarquitetura?

A arquitetura, por si só, é capaz de perceber e registrar a influência do ambiente, das cores, tamanhos e texturas no comportamento e no corpo das pessoas. No entanto, é comum que isso seja feito com base nas sensações do arquiteto e na sua capacidade de se colocar no lugar do outro, qualidade inestimável para exercer a arquitetura. A neuroarquitetura surge, nesse contexto, como uma forma de fornecer ao arquiteto uma explicação muito mais elaborada e científica quanto à relação entre o ambiente e o ser humano. 

Tudo o que engloba o uso da neurociência — isto é, a ciência que estuda a influência do sistema nervoso no corpo humano — e a arquitetura é considerado neuroarquitetura. Se por um lado a arquitetura leva em consideração a relação do exterior no corpo, a neuroarquitetura propõe uma leitura mais detalhada desse processo: ela estuda a ação do ambiente no cérebro de cada um e em como a interpretação cerebral do sistema nervoso quanto a esse ambiente afeta o indivíduo.

As aplicações da neuroarquitetura são vastas, porque é natural ao ser humano interagir, consciente ou inconscientemente, com o meio em que ele se encontra. Dessa forma, ela pode ser usada em escolas, hospitais, empresas, residências e até mesmo no meio urbano. Porém, é importante ter em mente que as experiências e vivências pelas quais passam cada indivíduo constroem respostas neurais específicas sobre uma determinada situação e, por isso, essas respostas podem variar de pessoa para pessoa. Cabe, então, ao profissional da arquitetura, saber explorar em linhas gerais a forma como cada um — nesse caso, provavelmente seu(s) cliente(s) ou público impactado pelo ambiente construído — responde a diferentes estímulos. 

Divulgação RS Design

Escritórios estão usando cada vez mais as estratégias da Neuroarquitetura para melhorar o desempenho e o bem estar dos funcionários

A neuroarquitetura e os cinco sentidos

Uma das formas mais eficazes de experienciar o que a neuroarquitetura estuda é no ambiente através dos cinco sentidos: visão, audição, olfato, tato e paladar.

Recursos distintos desencadeiam diferentes sensações. Por exemplo, no que se remete a visão, o uso da iluminação natural além de diminuir a sua conta de energia, permite a integração do exterior com o interior, e esse contato com o ciclo do sol influencia o funcionamento fisiológico no seu corpo. Já as cores, são capazes de transmitir sentimentos, e por isso conseguem caracterizar um ambiente como feliz, triste, forte, acolhedor, dentre outros.

Em locais como bibliotecas, estúdios, cinema e teatros, o controle da acústica para o conforto e para o melhor aproveitamento do som é primordial. Enquanto salas barulhentas interferem negativamente no desempenho do estudante ou do trabalhador, teatros que não contam com uma correta propagação do som não conseguem maximizar a experiência da plateia.

Seguindo a mesma lógica, assim como ruídos podem gerar incômodo e desconcentração, um odor desagradável também pode, e muito provavelmente vai. Muitas empresas investem em fragrâncias próprias, desenvolvidas por profissionais da área, criando uma identidade olfativa para a empresa.

A textura dos materiais também interferem no ambiente: texturas naturais, como madeira, folhas de plantas e terra, normalmente trazem uma sensação quente de aconchego, já texturas artificiais, como porcelanato, cimento, alumínio e porcelana, tendem a representar ambientes frios.

Enquanto o quarto repleto com madeira e plantas se mostra mais aconchegante, o quarto com materiais artificiais, mesmo com algumas cores, passa um ar mais frio e impessoal.

Por fim, o paladar é representado por comidas gostosas ou um cafézinho quentinho, que tornam a experiência como um todo bem mais prazerosa e acolhedora.

As diferentes aplicações da neuroarquitetura

Assim como cada pessoa reage de uma forma a um determinado estímulo, cada ambiente tem sua singularidade. Cada um tem sua função, e cada função te guia num caminho a ser seguido para a solução do problema.

Hospitalar

A neuroarquitetura aplicada em hospitais já trouxe benefícios para a saúde de pacientes e melhora significativa no desempenho dos que trabalham no hospital, se mostrando, assim, extremamente necessária.

O cuidado com a iluminação natural, por exemplo, ajuda o corpo a regular todo o sistema endócrino e potencializa a produção de melanina, favorecendo na recuperação e saúde de pacientes. Foi constatado, ainda, que ambientes claros e bem iluminados ajudam pacientes de Alzheimer em seu tratamento.

Ainda em prol do bem-estar dos enfermos e dos funcionários do hospital, é de extrema importância a presença de elementos naturais para a humanização do ambiente. A cor branca, comumente presente em hospitais, apesar de ser sinônimo de limpeza, carrega a sensação de frieza e instiga impaciência. É aconselhado que hospitais usem tons pastéis, pois não são agressivos mas carregam ainda personalidade. Detalhes em madeira e imagens que remetem à natureza também são muito bem-vindos.

Centro de Tratamento de Câncer / Foster + Partners | ArchDaily Brasil

Foster+Partners/ Nigel Young

Centro de Tratamento de Câncer na Inglaterra projetado por Foster+Partners. Usa muito o recurso da luz natural e de elementos naturais.

Educacional

As consequências de um ambiente educacional bem planejado incluem potencialização da capacidade do aprendizado e da memória, além de conforto no processo, o que mais uma vez evidencia a necessidade da neuroarquitetura.

O ideal para esse tipo de espaço são salas e pátios plurais, coloridos e com contato com a natureza. Iluminação natural, controle de ruído e temperatura, principalmente nas salas de aula, são fundamentais para a concentração. As cores vívidas e uso de elementos naturais trariam em contrapartida a essa pegada planejada e fria um tom mais lúdico e relaxante para o ambiente.

NeuroArquitetura e Educação: Aprendendo com muita luz | 1item ...

Masuno Studio

Segundo Lugar Concurso “Colégio Proeduca” Província De Tiabaya. Usa cores, elementos naturais e muita luz.

Corporativa

A influência da neuroarquitetura no ambiente corporativo, que muitas vezes é associado ao cinza, chato e massivo, é essencial para a quebra desse conceito nocivo. É recomendável em ambientes corporativos a adoção das mesmas medidas do campo educacional, como a entrada da iluminação natural e o controle de ruído e temperatura, no entanto, ao invés de cores vivas e contato direto com a natureza, é possível colocar músicas ambientes que sejam agradáveis e comidas espalhadas pelo escritório. Assim, mantêm-se os funcionários acordados e ativos e traz um conforto a mais.

Na hora da escolha das cores, cores quentes devem estar em salas de reuniões para manter todos acordados e atentos, mas sem abuso demais para evitar cansaço em reuniões prolongadas. Cores em escritórios devem ser mais claras. Muitas empresas emergentes estão investindo em mais ambientes descontraídos e coloridos e em mais ambientes de descanso para o conforto dos funcionários. 

Escritório do Google em Soho, Londres. Espaço de descanso com áreas descontraídas.

Residencial

Se você está lendo isso no primeiro semestre de 2020, vai se identificar: nesse período de pandemia, mudamos nossa forma de nos relacionar com nossas casas. Ninguém imaginaria que nosso refúgio confortável e lugar de desconexão se tornaria esse espaço no qual passamos tanto tempo assim, trabalhando, cuidando de crianças, convivendo com a família ou até mesmo ficando sozinhos. Nesse sentido, evidencia-se ainda mais a necessidade de mudança nos nossos ambientes residenciais e, se essa mudança for influenciada pela neuroarquitetura, o resultado será ainda mais positivo.

Assim, nesse caso, a neuroarquitetura objetiva melhorar a qualidade de vida e te ajudar a manter a produtividade em um ambiente não totalmente propício. A utilização de cores, texturas, decoração e iluminação nas residências têm trazido benefícios como redução de ansiedade e estresse, porém impedem a produtividade e prejudicam a saúde. Com isso, surge a necessidade de improvisar ambientes descontraídos para aliviar a tensão, mas que ajudem as pessoas a manterem o foco.

Para um ambiente residencial, formas um pouco mais incisivas, no entanto muito proveitosas se feitas da maneira certa, são ou uma reforma estrutural no ambiente ou uma reavaliação da disposição dos móveis no espaço. Outra opção menos incisiva, mas de igual importância, é adotar o estímulo dos cinco sentidos humanos dentro do espaço.

Um ambiente bem planejado traz o alinhamento das funções térmicas, acústicas e motoras. Uma boa forma de começar a fazer isso é o contato com o ar livre, com a natureza e com a luz natural. Enquanto a utilização de plantas podem ajudar tanto na estética e no odor quanto na diminuição de ruídos e no aumento do bem estar, o contato com a luz do sol nos impacta fisiologicamente, pois ela tem uma propriedade terapêutica, que nos estimula a criar os hormônios do sono e relaxamento, ajustando o nosso ciclo circadiano e regulando adequadamente os horários que devemos sentir sono.

Por outro lado, é possível alterar o ambiente artificialmente usando as cores. Elas nos afetam fisicamente, intelectualmente e emocionalmente. Cores azuladas e esverdeadas aumentam o foco e concentração, melhorando o rendimento, assim sendo ideais para áreas de estudo e trabalho. Cores como vermelho, amarelo e laranja despertam a atividade mental, trazem alegria, criatividade, mas também despertam a fome. Elas devem ser usadas em detalhes, pois em excesso podem causar ansiedade e, são ideais para áreas recreativas. Para quartos e salas, o indicado é utilizar luzes amareladas, que imitam a luz solar. Para ambientes em que atenção e foco são necessários, a iluminação branca pode corroborar com a finalidade.

Fernanda Dabbur Arquitetura/ Adriano Escanhuela

Nesse quarto utilizado tanto para estudo quanto para descanso, por exemplo, o azul está em  maior evidência na área de estudos, incentivando o foco. Além disso, há dois tipos de iluminação, a branca na escrivaninha e a amarela em cima da cama.

Não permaneça no mesmo quarto o dia todo, explore os ambientes da casa, mesmo que ela seja pequena. Mude os ambientes, mude cores, experimente novas posições para os móveis, ouça música e dance, separe um home office para produtividade (clique aqui para acessar nosso e-book sobre home office!), interaja com sua família, faça trabalhos manuais e artísticos. Tire o melhor desse momento difícil para permanecer saudável, física e mentalmente. 

Para melhores soluções de como maximizar o seu ambiente e torná-lo propício para o bem estar e para a produtividade, entre em contato com a Archipolis Jr e peça seu projeto!

 

 


Comentários

Letícia Oliveira

O conteúdo ficou muito legal! Super conectado com o contexto em que estamos vivendo agora. Parabéns time!!!

Isabella

Que conteúdo incrívellllll! Parabéns!!!! 💗

Jud Mattos

Adorei o tema abordado! Parabéns

Jud Mattos

Adorei o tema abordado! Parabéns


Fazer um comentário