Arquitetura hospitalar e o atendimento humanizado

Por: Brunna Esteves, Guilherme Calixte e Shayeni Santos

Categoria: Arquitetura

Palavras chave: Arquitetura hospitalar; Atendimento humanizado

Fala leitores, lembram do nosso post sobre Neuroarquitetura? Se não viu, pode entrar aqui para ler! Um dos tópicos abordados no artigo foi a aplicação dessa área de estudos no ambiente hospitalar, trazendo benefícios para a saúde de pacientes e melhora no desempenho de quem trabalha nesses locais. Hoje é dia 5 de agosto, Dia Nacional da Saúde, e por isso vamos nos aprofundar no assunto Arquitetura Hospitalar aqui nesse artigo, vem com a gente!

O que é arquitetura hospitalar?

Para começarmos a entender a importância deste trabalho, é fundamental compreendermos o que caracteriza a arquitetura hospitalar. Trabalhar um projeto com base neste conceito significa pensar espaços que ofereçam mais conforto e tecnologia para o bem-estar de todos os usuários. Isso significa ter um projeto que seja compatível com as necessidades das pessoas – ou seja, o tratamento – sem esquecer do conforto que é fundamental para o processo de recuperação. Diferente dos projetos convencionais, que via de regra priorizam apenas a funcionalidade do espaço, a opção humanizada tem como prioridade o usuário, e não apenas a função que deve ser exercida pelo espaço.

A arquitetura hospitalar tem por objetivo melhorar a experiência dos médicos, funcionários em geral e principalmente do paciente, que muitas vezes já possui uma rotina desgastante de internações e intensas experiências hospitalares. Ademais, a arquitetura está diretamente relacionada à humanização do tratamento, a importância está justamente nisso, transformar o espaço físico em um ambiente que vai realmente auxiliar na evolução dos tratamentos clínicos, tornar-se um ambiente de progresso.

Santa Rita Geriatric Center, por Manuel Ocaña

Atendimento humanizado

O sentimento e a satisfação do paciente então se tornou uma pauta presente nos hospitais e clínica, sempre pensando no bem estar, surgindo então o conceito de atendimento humanizado. Humanização engloba compreender e ouvir as necessidades e queixas de qualquer pessoa com respeito, cordialidade e empatia. Prestar o serviço médico humanizado une o comportamento ético e conhecimento técnico para oferecer melhor atendimento e com uma experiência mais positiva ao cliente.

Esse atendimento ser eficaz, ele abrange vários espectros da vivência com o paciente, o atendimento com paciente, de maneira a identificar suas queixas e necessidades de uma forma humanitária, levando em consideração a sua saúde psicológica, de modo que essa não gere conflitos e não agrave o quadro de saúde do paciente que já passa por uma situação estressante, pois quando você alia empatia e atendimento humanizado o paciente tem mais chances de apresentar melhoras mais rápidas, visto que o seu psicológico não foi abalado durante o tratamento, a comunicação entre o paciente e o profissional da saúde, que deve acontecer de forma rápida, segura e eficiente.

Por isso, é necessário que toda a jornada do paciente seja relatada com os profissionais de uma forma integrada, a fim de evitar lacunas e divergências de informações durante o tratamento, um bom relacionamento com os familiares, nesse caso compreender que em alguns casos é necessário ter a presença do familiar durante todo o tratamento. Um outro ponto muito importante é o ambiente físico, este que já foi comprovado que influencia no bem estar e também na recuperação dos pacientes.

Fatores influentes

Iluminação
A iluminação é um fator que atua de forma totalmente influente e positiva em ambientes hospitalares. Com a modernização e diversos estudos referências a hospitais humanizados, o uso de outros tipos de iluminação diferentes do branco azulado, vem sendo introduzidos nesses ambientes.
Os hospitais humanizados possuem dois projetos luminotécnicos que são divididos em: principal e secundário. O primeiro está associado a atividades laboratoriais e funcionais, já o segundo é responsável pela personalização e efeitos especiais.
O projeto principal responsável pela iluminação funcional está presente em ambientes como sala de cirurgia, laboratórios e ambientes que necessitam que alta visibilidade, por esse fator é utilizado luz branca-azulada, sendo esta tradicionalmente encontrada em ambientes hospitalares.

Projetos de ACR Arquitetura

Contudo, o diferencial não está na primeira, e sim na iluminação secundária que tem por objetivo tornar o ambiente lúdico e acolhedor. A iluminação secundária normalmente está localizada em recepções e salas de espera, e diferente da primária esta é composta por lâmpadas denominadas quentes, ou seja que possuem cores amareladas. Essas são as verdadeiras responsáveis pelo conforto luminotécnico.
É necessário ressaltar que o uso de iluminação artificial deve ser em conjunto à natural. A luz do sol além de exercer efeito higiênico (elimina determinados fungos e bactérias), também possui efeito calmante amenizando o stress e outros quadros relacionados.

Foto 1: Projeto de Inoah Arquitetura; Foto 2: Projeto de ACR Arquitetura

Cores e interiores

Além da iluminação, as cores também são responsáveis pelo bem estar causado no ambiente. Conforme a psicologia das cores, o cérebro capta e transforma as cores em sensações. A partir desse e vários outros estudos, cada vez mais cores e texturas estão sendo aplicadas em ambientes hospitalares, visto que possuem resultados positivos na rotina de trabalho dos funcionários, e principalmente na melhora dos pacientes.

A criação de ambientes lúdicos em hospitais infantis, por exemplo, geram um aspecto atraente que fazem as crianças esquecerem que estão em um ambiente hospitalar permitindo uma recuperação mais rápida, e o melhor: demonstram que os hospitais são lugares que existem para o bem, pois a memória que fica está diretamente associadas a esse ambiente lúdico e atraente.

Projeto de Melissa Fazolino

Usualmente, em hospitais humanizados são utilizadas cores vibrantes em conjunto com cores mais neutras, isso permite a personalização de ambiente e criação de temas como oceano, floresta, espaço sideral. As cores vibrantes trazem vida e alegria para esses ambientes que normalmente estão carregados de dor e sofrimento.

Ventilação

A utilização de áreas e fachadas com ventilação natural tem grande importância. A renovação constante do ar presente no ambiente auxilia no combate às infecções e transmissão de doenças por meio da incubação de microrganismos presentes na atmosfera. Sem contar no bem estar e no conforto térmico gerado.

Natureza

Ainda que seja pequena, a instituição hospitalar pode adotar medidas de preservação do meio ambiente criando uma estratégia adequada, afinal, mesmo que mínimas, ações sustentáveis sempre podem surtir grandes efeitos, os chamados “espaços de cura” tem ganhado cada vez mais força, esses espaços foram objeto de pesquisa em hospitais e mostraram que pacientes que mantinham contato com a natureza se recuperaram mais rápido, além de outras pesquisas que mostram que pacientes depois de cirurgias, consomem apenas 35% dos analgésicos, administrados normalmente, quando internados em apartamentos cujas janelas lhes propiciam vistas com áreas ajardinadas constatando-se que a saúde do ambiente ou a humanização deste está diretamente ligada à saúde do corpo e mente. Os “jardins de cura” mostram também uma eficiência para familiares e amigos que acompanham o paciente, que muitas vezes ficam por várias horas em salas de esperas frias e impessoais, quando o hospital ou a clínica tem uma área verde, essa traz calma e leveza, fazendo com que estes fiquem mais tranquilos, levando um sentimento de paz e tranquilidade para os pacientes, o que influencia também na saúde psicológica e emocional dos mesmos.

Fotografia do Pinterest

Projetos

London Royal Children’s Hospital

Fotografia por London Royal Children’s Hospital

A ONG Vital Arts criou um projeto que contou com 15 artistas para trazer vida. Enchendo de vida corredores, recepção, enfermaria, gastroenterologia e em várias alas do hospital, trazendo mais cor e vida de maneira as crianças tenham uma melhor sensação ao visitar o hospital e se sintam mais confortáveis.

Fotografias por London Royal Children’s Hospital

Hospital Infantil Ann & Robert H. Lurie de Chicago

Fotografia por Nick Merrick

O Hospital Infantil Ann & Robert H. Lurie de Chicago, possui 22 pavimentos. Concluído em 2012, a instalação fica no campus da Faculdade de Medicina Feinberg da Universidade Northwestern e ao lado do Hospital para Mulheres Prentice. Os recursos internos incluídos no escopo de trabalho da SCB são um banco de elevador oval autônomo, café Captain Streeter, aquário, balcões de informações iluminados, praça de alimentação com tema de mercado de jardins, jardim da cura, palco de entretenimento e uma casa na árvore.

Fotografias por Nick Merrick

Fotografias por Pete Eckert

Hospital Infantil La Rabida

O Hospital Infantil La Rabida

Fotografia extraída do site

O Hospital Infantil La Rabida é um pequeno hospital especializado pediátrico para cuidados agudos prolongados que atende crianças com condições médicas ao longo da vida. Localizada no lado sul de Chicago, no Lago Michigan, a instalação foi projetada para mostrar suas vista à beira do lago. La Rabida atende cerca de 9.000 crianças anualmente que necessitam de cuidados primários e especializados para lidar com condições médicas complexas e desafiadoras. Tem a temática náutica, remetendo a água que circunda o circunda.

Fotografia por James Steinkamp

Fotografia extraída do site

Hospital Sarah Kubitschek

Fotografia por Nelson Kon

Projeto do arquiteto João Filgueiras Lima (Lelé), o Hospital é concebido com espaços generosos, coloridos, integrados a amplos jardins e iluminados e ventilados naturalmente.

Além de envolvido pela natureza de fato (o Hospital está situado numa área de Mata Atlântica nativa), o edifício é permeado pela arte. Athos Bulcão foi o responsável por criar diversos tipos de painéis multicolores. São utilizados como limites do terreno, feitos de argamassa armada; nos corredores, painéis metálicos em tons de azul e laranja; no refeitório, painéis de madeira pintados de azul, verde e vermelho, perfurados com desenhos geométricos. A extrema qualidade da construção se confunde nessa obra com sua indissolúvel relação com a arte.

Fotografias por Nelson Kon

Hospital Adamant

Fotografia por Sergio Grazia

Adamant, um hospital psiquiátrico cercado por um rio. Projetado pelo escritório Seine Design, em pleno centro de Paris e longe dos habituais centros de tratamento, este edifício oferece aos pacientes um espaço que se aparenta mais com ateliers de artistas do que a um hospital. Concentrados em expressões artísticas (cerâmica, música, desenho, vitrais etc.), a ideia foi de oferecer um espaço em que os pacientes desejassem ficar e retornar - condição necessária para sua reintegração.

Pousado no rio, o Hospital mantém um relação privilegiada com o local. As passarelas exteriores dispostas entre o cais e nas margens do rio, combinadas com a transparência das rotundas, expressam uma forte abertura do edifício, abrindo perspectivas generosas do meio à sua volta. Os espaços são essencialmente revestidos e trabalhados com materiais naturais, como o aço (estrutural e aparente) e a madeira. O tratamento otimizado da luz a bordo reforça esse componente.

Fotografias por Sergio Grazia

Lar de Idosos em Perafita

Fotografia por Luis Ferreira Alves

A obra foi projetada por arquitetos do Grupo Iperforma e está situada em Porto, Portugal. O local possui 3515m² e está inserido junto a igreja local no Centro Social e Paroquial Padre Ângelo Ferreira Pinto. O projeto é constituído por dois edifícios interligados por uma passarela no andar superior. O edifício possui recepção, sala de convívio e atividades, cantina, cozinha, gabinete médico, gabinete de enfermagem, salas de reuniões, gabinete administrativo, vestiário para funcionário, lavanderia e ainda cabeleireiro. O prédio possui 40 quarto, tanto individuais quanto duplos, e esses estão distribuídos nos andares superiores dos dois blocos. O ambiente procura-se ao máximo aproximar de um espaço residencial estimulando o conforto e a prática de atividades para os idosos. Em locais de passagem, como corredores foram utilizadas cores e volumes, já nos ambientes de permanência, como os quarto, preservaram cores neutras e a ortogonalidade.

Fotografias por Luis Ferreira Alves

Lar de Idosos Peter Rosegger

Fotografia por Paul Ott

A obra foi projetada por Dietger Wissounig Architekten, no ano de 2014 na Áustria. O lar é compacto e possui formato quadrado, contém dois pavimento e 8 habitações, sendo 4 em cada pavimento. O projeto possui pátios e áreas livres que tornam o ambiente bem mais acolhedor e ao mesmo tempo um local livre. O pátio central é a extensão de uma das laterais, há dois jardins com acesso restrito aos residentes, terraço coberto, átrios presentes no segundo andar, além do acesso direto ao parque público da cidade.
Cada unidade habitacional possui cozinha, dormitório e área de jantar para 13 residentes e 1 enfermeiro, e possui um grande caráter familiar coletivo. A casa possui varandas, caminhos estimulantes e os quartos contém janelas com parapeitos baixos que servem de banco. Os quartos de enfermeiros estão localizados nos núcleos, tornando fácil o acesso. Tudo contribui para um ambiente confortável e amigável!

Fotografias por Paul Ott

Lar para Idosos - Dominique Coulon & associés

Fotografia por Eugeni Pons

A obra foi projetada por Dominique Coulon & associés e está situada em Orbec, França. O local possui 5833m² e está inserido em uma colina, por esse fator foi utilizada a cor verde na parte externa, pois assim o edifício fica menos imponente e mais camuflado na natureza do entorno. Todas as unidades habitacionais estão ligadas à rua orientada a Sul, e essa disposição é a grande responsável pela vista deslumbrante e a entrada de luz natural. A cor vermelha utilizada no projeto traz a tona o dinamismo e quebra a ideia de ambiente hospitalar. O objetivo da criação do projeto foi melhorar o passeio e ambientes de estar.

Fotografias por Eugeni Pons

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